Somos cidadãs da arte, que transitam constantemente em pequenos bairros da Zona Central e Norte da cidade - Centro Cívico, Alto da Glória, Ahú , Cabral e Juvevê.
No cotidiano caminhamos e tecemos uma trama através dos nossos passos. Aguçamos a percepção e os sentidos caminhando sobre rios que persistem abaixo, e fluem invisíveis acima .
Rio da Meada, fio no tear, é uma proposta para espiarmos através de janelas a correnteza escura e sombria , ouvirmos murmúrios, extrapolando a fronteira do visível, na cidade que nos conquista...através das memórias, das histórias, da beleza palpável ou intangível.
Abaixo de nós, nas tubulações, fluem águas outrora vívidas. Ao redor paredões concretados substituem vegetação nativa. Entretanto coloridos peixinhos, pássaros e flores ainda vibram, nos mosaicos, nas pinturas, muros, praças, parques e museus.
Pequenos respiros que rompem o cimento, ou trechos descobertos, tornam-se janelas destes rios, por onde espiamos e somos espiados; o subterrâneo em constante e imperceptível ligação com a superfície.
Sobre estes caminhos antigos constroem-se novas memórias, enquanto arte aflora por todos os cantos, quando nos permitimos ver.
Beleza existe, repaginada, em constante metamorfose, e Curitiba cativa, sobre rios subterrâneos, ou fluidos caminhos urbanos na superfície
Imagem: Street Art de Marcelo Diamant
SE FLUI
se flui não volta.
volta, reflui,
flui.
não volta?
se flui volta.
memória aflui,
atravessa.
resgata, se flui.
rio eu espio, tu espias.
a janela me permite.
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